Casal viajará 53 dias pela América Andina em duas rodas

O que os incas têm a ver com motocicleta? Para Gustavo Dias, o Guga, e Elda Silveira, tudo. Sobre duas rodas, eles iniciam a partir de hoje uma viagem de 53 dias pela América Andina, com o objetivo de chegar em Machu Picchu, no Peru. Relatando diariamente os desafios e as descobertas dessa aventura de mais de 14 mil quilômetros.

 Por meio do hotsite diario.salaoduasrodas.com.br, eles farão relatos diários de como tem sido a empreitada, que vai repetir o Caminho do Peabiru, roteiro utilizado pelos incas para seguir de Machu Picchu a São Vicente.

 Alguns historiadores acreditam que o Caminho do Peabiru começou a ser construído pelos Chavins - a primeira das civilizações andinas-, entre 100 A.C. e 800 D.C., e os Incas continuaram a expandir as trilhas, com o objetivo de estender seu império, em meados dos anos 1.000 D.C.

“Soube dessa história há 5 anos. Achei que era loucura. Pesquisei e vi que existia mesmo”, conta Guga. “Tínhamos outras opções mais rápidas e óbvias, mas nós optamos por seguir esse caminho, serpenteando os Andes”, acrescenta.

A partida acontece às 10 horas, no Parque Cultural Vila de São Vicente, em frente à Igreja Matriz. Lá, será distribuído um café de manhã. O evento é aberto ao público e conta com a doação de um quilo de alimento não perecível ou um agasalho por pessoa, que serão destinados a entidades beneficentes de São Vicente.

Preparativos
 Na casa deles, tudo já está pronto. Há alguns dias, a mesa da sala de jantar abriga tudo o que não pode ser esquecido para a viagem - à exceção das roupas. A moto é nova, comprada especialmente para o roteiro: uma big trail Suzuki V-Strom 650. Os equipamentos também já estão devidamente preparados. Para essa viagem, novidades como uma câmera que irá acoplada à moto e um intercomunicador de capacetes.

O vestuário é outro aspecto importante. Como as temperaturas chegam a -10ºC nessa época do ano nos Andes, a bota deve ser impermeável, a roupa especial e é preciso utilizar uma segunda pele de tecido. Nada de couro, que congela e permite a entrada do vento.

A parte burocrática é a etapa preparatória que mais demanda tempo. Uma série de documentos são exigidos, muitos deles precisam ser expedidos por cada um dos consulados dos países que serão visitados. A vacina contra febre amarela também é obrigatória. “Tentamos fazer de tudo para não sermos abordados por policiais corruptos. Mas sabemos que é quase impossível escapar disso”, afirma Guga.

O custo estimado da viagem é de R$ 10 mil. Mas poderia ser superior, caso Guga e Elda fizessem questão de grandes luxos. No entanto, preferem abrir mão de certas coisas, como hospedagens mais sofisticadas – ficam em hotéis de três estrelas, pousadas e hostels – e o almoço. Segundo o piloto, comer dá sono. E, como eles só viajam de dia, não dá para arriscar.

O tempo em cada cidade varia. Se for um local sem grandes atrativos turísticos ou históricos, serve apenas como dormitório. Caso haja alguma relevância no ponto de repouso, eles chegam a ficar dois ou três dias. “Não dá para querer fazer tudo em um dia. Não estamos em uma prova de velocidade”, justifica Elda.

O desafio é fazer um planejamento para o gasto dos recursos. Para evitar surpresas desagradáveis, eles não devem rodar mais do que 500 quilômetros no mesmo dia. “Se eu fosse sozinho, arriscaria mais. Com alguém na garupa, há um desgaste maior. Tanto físico, quanto psicológico”. A preocupação é maior porque Elda não pilota. “Meu trabalho é tirar fotos e fazer os vídeos”, antecipa.

Além do mais, as distâncias precisam ser mais curtas pela necessidade de atualizar diariamente o hotsite. A cada viagem, são cerca de 5 horas por dia gastas atualizando os leitores. Assim será pelo menos até o dia 20 de setembro, quando está previso o retorno. “Isso se não demorar mais do que imaginamos. Temos que estar preparados para tudo”, sorri Guga.

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