Ex-moradores do Pinheirinho alojados no abrigo do Vale do Sol. Foto: Claudio Capucho
Após reclamações de vizinhos, famílias do Pinheirinho serão retiradas do Vale do Sol. Sem-teto não aprovam instalações do albergue. Localizado no Morumbi, último abrigo vai fechar até 15 de março
Beatriz Rosa
São José dos Campos
A Prefeitura de São José dos Campos pretende fechar até amanhã o abrigo do Centro Esportivo do Vale do Sol, onde estão alojadas 27 famílias sem-teto do Pinheirinho.
De acordo com o governo, 17 famílias devem deixar o local ainda hoje para casas alugadas e outras 10 serão transferidas para o ginásio do Jardim Morumbi --último abrigo provisório que será mantido pela prefeitura-- ou para o albergue municipal, no Monte Castelo.
Outros dois alojamentos já foram desativados, ambos no Dom Pedro 1º.
A administração municipal decidiu antecipar o fechamento do abrigo do Vale do Sol após pressão de moradores do bairro, que reivindicavam a saída dos sem-teto.
Inicialmente, a previsão era que o alojamento provisório fosse desativado somente na semana que vem.
Acolhida. Ao todo, cerca de 1.300 famílias sem-teto foram removidas do Pinheirinho pela Polícia Militar em 22 de janeiro, durante a reintegração de posse da área.
Desse total, cerca de 600 famílias (1.300 pessoas) ficaram nos quatro abrigos improvisados pela prefeitura.
Os dois primeiros alojamentos foram desativados nos últimos dias 10 e 17. Os sem-teto que estavam nesses locais se mudaram para casas alugadas após receber a primeira parcela do auxílio-moradia de R$ 500 oferecido pela prefeitura e pelo Estado.
O governo Eduardo Cury (PSDB) já estabeleceu um prazo-limite para fechar o último abrigo, do Morumbi: 15 de março. Atualmente, cerca de 50 famílias estão no local.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Social, a remoção das famílias do ginásio do Vale do Sol se dará por questões operacionais.
“Não faz sentido manter uma estrutura gigantesca para um pequeno grupo. Temos condições de oferecer um melhor atendimento no albergue. Hoje, um abrigo é suficiente.”
Estrutura. Atualmente, 60 servidores municipais atuam no Vale do Sol com serviços de limpeza, alimentação, serviço social, entre outros. Segundo Kiko, a mesma estrutura será oferecida no albergue.
Ontem, a prefeitura levou 31 desalojados para conhecer o centro de calamidade no Monte Castelo. Os sem-teto reprovaram a estrutura.
“O local é insalubre, as paredes são mofadas e não tem circulação de ar. O lugar fede coisa velha”, disse o pintor Alberto José Pereira, 29 anos.
Segundo eles, a prefeitura está pressionando os moradores a deixar o abrigo.
A prefeitura diz que o albergue municipal tem capacidade para atender até 150 pessoas. Hoje, 78 já estão alojadas --sete delas do Pinheirinho.
Reação. O advogado do movimento sem-teto, Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, criticou a ação da prefeitura.
“O albergue não tem estrutura. É um absurdo o que eles estão fazendo. Mais uma vez a prefeitura mostra que não tinha estrutura para receber as famílias que ajudou a retirar do Pinheirinho”, disse.
Via O Vale