Mostrando postagens com marcador marco civil da internet. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador marco civil da internet. Mostrar todas as postagens

Referência mundial, Marco Civil da Internet ainda está em disputa

Por Felipe Bianchi

As conquistas do Marco Civil da Internet e os desafios de sua regulamentação foram tema de discussão neste sábado (25), no II Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais de São Paulo. Renata Mielli, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé; Veridiana Alimonti, do Coletivo Intervozes; e Ronaldo Mota, do blog Desenrola e Não Me Enrola compuseram a mesa, mediada por Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania).

Considerada uma das legislações mais avançadas do mundo para o campo da Internet, a lei sancionada há praticamente um ano está em processo de regulamentação, que poderá garantir ou colocar em risco os direitos à liberdade de expressão e à privacidade. “O debate sobre o Marco Civil não é um debate técnico, como colocam os meios de comunicação”, defende Renata Mielli. “Esse é o expediente das elites para interditar debates públicos”.

Para ela, jornalistas e comunicadores se envolvem menos do que deveriam nessa discussão. “Nós, que atuamos em rede, precisamos estar inseridos nesse processo. A Internet é que permite estarmos aqui, reunidos num Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais, e que nos permitiu ter dado saltos quanto à pluralidade informativa, furando o bloqueio da mídia tradicional”.

A condição democrática, segundo a jornalista, é o que esteve em disputa no Marco Civil da Internet. “Houve uma ampla discussão sobre os direitos e deveres na Internet, mas não para criminalizar as pessoas, pois para isso há o Código Penal. A discussão tem que ser para garantir direitos”, diz. “Há setores econômicos muito poderosos no Brasil e no mundo interessados em cercear a rede, com a finalidade de assegurar mais lucros para seus negócios”.

A principal conquista da lei é o fato de colocar, de maneira clara, que a Internet é um direito de todos, avalia Mielli. Ao colocar o acesso à Internet como serviço essencial, a lei coloca o Estado como protagonista no combate ao déficit de acesso à banda larga no país.

O espírito da Internet

O revolucionário da Internet, de acordo com Veridiana Alimonti, é permitir que uma pessoa, em qualquer lugar do mundo, se comunicar com outra, em qualquer lugar do mundo, dependendo apenas da conexão, sem intermediários como os meios de comunicação tradicionais. Apesar disso, no ambiente digital, há outros intermediários em ação.



“Plataformas hegemônicas moldam o discurso de uma outra forma. São empresas como o Google, o Facebook e o YouTube”, diz. “Outra forma de controlar o acesso e o fluxo de conteúdo não depende só de sites e plataformas online, mas das próprias empresas de telecomunicações”.

A neutralidade da rede, assegurada na aprovação do Marco Civil da Internet, garante justamente a não-interferência dos proprietários da infraestrutura da Internet no fluxo de conteúdos que por ela transitam. “Há alguns exemplos clássicos, baseados na defesa de parceiros comerciais, como empresas de telecomunicações deteriorarem a conexão de um serviço como o Skype para favorecer empresas de telefonia fixa”.

Ela lembra o vídeo produzido pelo FreeNet? para ilustrar como as empresas de telecomunicações pretendiam derrubar a neutralidade da rede para transformar a Internet em uma espécie de TV por assinatura.



Sobre o possível acordo do governo brasileiro com o Facebook, Alimonti opina que é uma verdadeira 'bordoada' na sociedade civil que tanto lutou pelo Marco Civil. “O Facebook não é entidade beneficente que quer fazer projeto de inclusão digital. Isso se resolve é com política pública”, decreta. “O principal negócio do Facebook não é o patrocínio de posts, mas o acesso aos dados dos usuários. A privacidade, garantida pela lei, fica ameaçada com esse acordo”

Ronaldo Mota também chama a atenção para a questão do uso dos dados dos usuários. “A quebra da privacidade significa não só usar dados dos usuários para fins comerciais, mas também para fins políticos”, alerta. “O caso de Edward Snowden é emblemático. Ao trazer à tona o sistema de vigilância e espionagem da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), fica clara a importância da privacidade e da proteção dos dados”.

Está em curso, na Internet, uma consulta pública para regulamentar tanto o Marco Civil da Internet quanto a Lei de Proteção de Dados. “A participação da sociedade civil é fundamental para garantir e ampliar os direitos conquistados no Marco Civil”, opina Mielli.



Mídia e democracia



Quando se fala em democratização dos meios de comunicação no Brasil, há sempre uma desvirtuação do tema. Há sempre aqueles que levantam para dizer que o governo quer censurar os meios de comunicação, o que é uma coisa muito diferente. Mas o tema precisa ser discutido de uma maneira mais democrática, mais inteligível ao cidadão. 

Esse também é um dos pontos abordados na Plataforma CUT da Classe Trabalhadora e merece uma discussão mais profunda. E sim, é preciso aprovar e implementar um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil, a partir do Projeto de Lei por uma Mídia Democrática, construído coletivamente pelos movimentos sociais. 

Esse discurso de censura só interessa aos grandes grupos que controlam a mídia no Brasil, os mesmos que adotam um discurso de ataque ao governo federal. Neste sentido, é preciso estabelecer critérios democráticos e transparentes para a concessão de radiodifusão, renovações e financiamento, e maior agilidade nos processos. 

Também é fundamental garantir mecanismos de fiscalização, com o controle público e participação popular em todos os processos de outorgas. Além disso, há a necessidade de fortalecer o sistema público de comunicação, em especial, a TV pública.

Do outro lado, também é preciso mudança com a regulamentação da publicidade, com definição de novos critérios e mecanismos de transparência. Ou seja, o governo precisa socializar sua verba de publicidade e não concentrar em alguns veículos. 

A democracia deve chegar também às rádios e TVs comunitárias, além das garantias à produção independente. No mesmo sentido, deve-se buscar a implantação de políticas de inclusão digital e de acessibilidade, com universalização da internet. E por falar nela, também é preciso garantir a regulamentação do Marco Civil da Internet, com a participação da sociedade civil. 

Um dos mais importantes pontos dessa discussão é abrir espaço para que os movimentos sociais possam participar do debate sobre o artigo 15  do Marco Civil, em relação à guarda e a proteção dos dados. 

Discutir a comunicação social é discutir a democracia em si. Para que as garantias da sociedade sejam mantidas e possa se avançar é preciso que todos os mecanismos de transparência nesse debate sejam debatidos. E quem deve puxar esse debate é, sem dúvida, o movimento sindical, para que a sociedade seja representada nesse espaço democrático de discussão. 

Democracia na mídia, já!


Netflix quer que regulamentação do Marco Civil proíba cobrança de interconexão


Por Luís Osvaldo Grossmann

Pressionada até ceder nos Estados Unidos, a Netflix tenta evitar o mesmo destino no Brasil. Ao participar da consulta pública do Ministério da Justiça sobre a regulamentação do Marco Civil da Internet, a empresa de vídeos online quer que as detentoras das redes sejam impedidas de cobrar pela interconexão com provedores de conteúdo.

“As proteções referentes à última milha são insuficientes se as prestadoras de serviço de banda larga puderem mover a conduta discriminatória para os pontos de interconexão com os provedores de conteúdo. Uma regulamentação completa e sólida deve assegurar a inexistência de bloqueios, a inexistência de taxas de acesso e a inexistência de qualquer discriminação injustificada em qualquer ponto da rede controlada pela prestadora de serviços de telecomunicações.”

Com esse foco, as sugestões da Netflix são baseadas em experiência própria. Nos EUA, a empresa verificou reduções de velocidade em seus clientes conectados pela rede da Comcast – maior empresa de TV paga e de banda larga americana, com cerca de 40% das conexões fixas à rede. A operadora pressionava por um acordo de interconexão e a Netflix, acusando o congestionamento como premeditado, resistia a pagar. E apontava para as regras de neutralidade.

Mas a Justiça americana deu ganho à Verizon em uma ação movida contra as regras de neutralidade que a FCC (mais ou menos a Anatel dos EUA) baixara em 2010 e que proibiam o tratamento discriminatório na Internet. O acordo entre Netflix e a Comcast não demorou. Em menos de dois meses, a velocidade média do tráfego subiu 65%. Ato contínuo, novos contratos foram firmados com as outras grandes teles americanas.

Não surpreende que a contribuição, assinada pela diretora de relações governamentais e políticas públicas da Netflix, Paula Pinha, ressalte que “em nenhuma circunstância” o provedor de conexão deve poder cobrar das provedoras de conteúdo pela administração da rede, com o intuito de garantir uma melhoria da qualidade na transmissão nem para de algum forma priorizar o tráfego.

“Ao permitir qualquer espaço para essas cobranças, irá se criar um incentivo perverso para que um provedor de serviços de conexão a Internet deixe seus pontos de acesso congestionados, mesmo em face dos pedidos crescentes de dados pelos seus próprios clientes, muitos dos quais já estão pagando por pacotes de serviços de banda larga com o intuito de garantir a alta qualidade na entrega do conteúdo desejado, e para tentar obter dos provedores de conteúdo online pagamentos pela sua saída do congestionamento.”

Para tanto, a Netflix defende que a regulamentação do Marco Civil da Internet contemple esses três pontos:  

1) as prestadoras de serviços de conexão a Internet não poderão degradar ou discriminar fontes específicas de dados e o nível de vazão nos pontos em que os provedores de conteúdo se conectam à rede de tais prestadores do serviço de conexão, bem como cobrar qualquer pagamento para evitar a degradação do tráfego de dados de provedores específicos, e devem ser encorajados a tomar todas as medidas necessárias para trocar tráfego abertamente (open peering) quando os provedores de conteúdo tomarem medidas para fornecer o seu conteúdo de forma mais eficiente;

2) os prestadores de serviços de conexão a Internet não poderão favorecer provedores de conteúdos específicos, em troca do recebimento de pagamento ou outra forma de vantagem; e

3) as prestadoras de serviços de banda larga, dentro de sua capacidade como únicos prestadores de serviços de conexão ao usuário final, não poderão cobrar dos provedores de conteúdos e aplicações pelo direito de acesso, devendo disponibilizar tal direito de acesso gratuitamente a prestadores de conteúdo de Internet, de forma que os consumidores possam, de fato, vivenciar as velocidades de banda larga por eles contratadas.


As políticas públicas para internet na regulamentação do marco civil


O acesso à internet e a condução de ações relativas ao seu desenvolvimento são fatores importantes dentro do contexto da garantia de direitos fundamentais na rede. Inclusive, o texto, no Art. 7º, condiciona a realização plena dos direitos de cidadania, como privacidade e liberdade de expressão, ao acesso à internet.

O MCI prepara o terreno para que a universalização do acesso à internet ocorra de forma justa, equânime, garantindo a liberdade de expressão para todas e todos.

No campo do desenvolvimento e acesso à internet se destacam a essencialidade e a qualidade do serviço de internet; a não suspensão de conexão, salvo por débito do usuário; os mecanismos de governança multiparticipativa; as ações e programas de capacitação para o uso da internet, de forma segura, consciente e responsável; as iniciativas de fomento à cultura digital e uso da rede; o governo eletrônico; e os estudos e planos relacionados ao desenvolvimento e uso da internet no país.

É muito importante atentarmos para o que a lei discorre sobre a necessidade de se estabelecer mecanismos de governança democrática, colaborativa e transparente com a presença de todos os setores da sociedade e com garantias de participação do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) na gestão, expansão e uso da Internet no Brasil. Através dessas diretrizes, prevê-se que as discussões sobre tudo que envolve a Internet no Brasil, desde o que interessa aos provedores e até aos usuários, passem por um processo de debate bastante democrático e que busca legitimar as decisões de políticas de internet no Brasil e, acima de tudo, garantir que a sociedade tenha voz nos processos de tomada de decisão deste espaço comum.

Este modelo pode ser adotado em todos os âmbitos em que haja discussões relativas à Internet, desde municipais até federais, e é fundamental ocuparmos estes espaços para avançamos também em outras pautas regulatórias, como a lei de proteção de dados pessoais e a revisão da lei de direitos autorais. A interação destes três marcos legais, com a garantia da pressão da sociedade civil para que elas tenham o caráter mais progressista e de respeito aos direitos humanos, garantirão que o ambiente da rede seja cada vez mais democrático e a vivência dentro dele respeite ao máximo a liberdade de expressão de cada usuário.

Como medidas mais concretas e urgentes, destacamos que o decreto deva adotar:

  • regime público para a banda larga imediatamente,
  • concessões públicas com novos contratos (em 3 anos);
  • fortalecimento da Telebrás (próxima LOA), com alocação de recursos de 1 bilhão por ano até o cumprimento da universalização do acesso;
  • criação de pelo menos 3 backbones internacionais para promoção da redução de custos de link e maior resiliência da rede;
  • expansão do programa de cidades digitais (próxima LOA), com meta de 5 anos para atender 100% dos municípios brasileiros de acordo com termo de referência do programa;
  • instituição de política interministerial de redes livres (próxima LOA);
  • previsão de flexibilização regulatória a ser instituída pela Anatel com adoção de soft licenses ou inexigibilidade de autorização para prestação de serviços com uso de radiofrequências e iluminação de fibras ópticas para fins públicos ou comunitários, no prazo de 1 ano.
Dê sua opinião sobre as contribuições do Marco Civil Já para Políticas de Desenvolvimento da Internet na consulta pública, clicando aqui


Fonte: Marco Civil Já

Entenda o Marco Civil da Internet Ponto a Ponto


A lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014, conhecida popularmente como o Marco Civil da Internet, é uma espécie de "constituição" que vai reger o uso da rede no Brasil definindo direitos e deveres de usuários e provedores da web no país. Após quase três anos de tramitação na Câmara, o plenário da Casa aprovou o projeto. Leia o texto aprovado pela Câmara.

Conheça os principais pontos do Marco Civil:

Neutralidade na rede

O princípio da neutralidade diz que a rede deve ser igual para todos, sem diferença quanto ao tipo de uso. Assim, ao comprar um plano de internet, o usuário paga somente pela velocidade contratada e não pelo tipo de página que vai acessar. Ou seja: o usuário poderá acessar o que quiser, independente do tipo de conteúdo. Paga, de acordo, com o volume e velocidade contratados.Em acordo com a oposição ao governo, o texto na Câmara aprovado e confirmado no Senado, prevê que a neutralidade será regulamentada por meio de decreto após consulta à Agência Nacional de Telecomunicações e ao Conselho Gestor da Internet (CGI).

Privacidade na web

Além de criar um ponto de referência sobre a web no Brasil, o Marco prevê a inviolabilidade e sigilo de suas comunicações. O projeto de lei regula o monitoramento, filtro, análise e fiscalização de conteúdo para garantir o direito à privacidade. Somente por meio de ordens judiciais para fins de investigação criminal será possível ter acesso a esses conteúdos.

Outro ponto da proposta garante o direito dos usuários à privacidade , especialmente à inviolabilidade e ao sigilo das comunicações pela internet. O texto determina que as empresas desenvolvam mecanismos para garantir, por exemplo, que os e-mails só serão lidos pelos emissores e pelos destinatários da mensagem. O projeto assegura proteção a dados pessoais e registros de conexão e coloca na ilegalidade a cooperação das empresas de internet com órgãos de informação estrangeiros.As empresas que descumprirem as regras poderão ser penalizadas com advertência, multa, suspensão e até proibição definitiva de suas  atividades. E ainda existe a possibilidade de penalidades administrativas, cíveis e criminais.

Logs ou registros de acessos

Segundo o Marco Civil, os provedores de conexão são proibidos de guardar os registros de acesso a aplicações de internet. Ou seja, o seu rastro digital em sites, blogs, fóruns e redes sociais não ficará armazenado pela empresa que fornece o acesso. Mas, pelo artigo 15 do PL, toda empresa constituída juridicamente no Brasil (classificada como provedora de aplicação) deverá manter o registro desse traço por seis meses. Elas também poderão usá-lo durante esse período nos casos em que usuário permitir previamente. Mesmo assim, são proibidas de guardar dados excessivos que não sejam necessários à finalidade do combinado com o usuário.

Data centers fora do Brasil

O relator do projeto retirou do texto a exigência de data centers no Brasil para armazenamento de dados. Um data center é uma central de computadores com grande capacidade de armazenamento e processamento de dados onde ficam, normalmente, os arquivos dos sites, e-mails e os logs de acesso. Com as denúncias de espionagem eletrônica feita pelos Estados Unidos, o governo brasileiro tinha proposto o armazenamento de dados somente em máquinas dentro do território brasileiro, mas essa obrigação saiu do texto aprovado.

Fonte: EBC

Seminário sobre o Marco Civil da Internet


Dia 01 de junho, das 15h00 às 18h30.
Local: Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo – Avenida Pedro Álvares Cabral, 201, Ibirapuera
TEMA
RESPONSABILIDADE CIVIL DE TERCEIROS e NEUTRALIDADE DA REDE E O POTENCIAL PARA A INOVAÇÃO
PROGRAMAÇÃO
Responsabilidade civil de terceiros:
• Fabiana Siviero – Diretora Jurídica da Google Brasil
• Renato Ópice Blum – advogado especialista em direito digital, representante
da Fecomercio e prof. da FGV SP
• Cristiano Lopes – Diretoria de Direitos Intelectuais, Ministério da Cultura
• Felipe Julian– membro da banda Projeto Axial e criador do Bagagem, aplicativo
de web para distribuição musical
• Leonardo Palhares – vice-presidente de Estratégia da Câmara Brasileira de
Comércio Eletrônico em São Paulo (Câmara E-net)
• Tiago Cardieri – Transparência Hacker e Casa da Cultura Digital
Neutralidade da Rede e o potencial para a inovação:
• Maíra Feltrin – PROCON -SP
• Enylson Flavio Martinez Camolesi – Diretor da Telefônica
• Antonio Moreiras – Engenheiro de Software do Núcleo de Informação e
Coordenação do Ponto BR (NIC.br)
• Giselle Beiguelman – Profa. USP, editora da Revista seLecT e ex-diretora do
Prêmio Sergio Motta de Arte & Tecnologia
• Jorge Machado – Prof. Dr. da USP e do GPOPAI

Santos terá encontro das redes sociais dia 08.10, neste sábado.

Arte: Roberto Locatelli

O I Encontro de Blogueiros Progressistas da Baixada Santista será marcado pela presença de blogueiros, tuiteiros, facebookeiros, comunicadores, internautas no geral. Parlamentares das cidades de Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Cubatão, São Paulo entre outras cidades, também estarão presentes no encontro.

O evento irá discutir liberdade de expressão e direito à comunicação, Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e redes sociais, com transmissão ao vivo pela TV Linha Direta, no portal do PT de São Paulo.

Parlamentares como  Telma de Souza (PT-SP) e Antonio Mentor (PT-SP), Prefeita Maria Antonieta do Guarujá e blogueiros como Conceição Oliveira, Renato Rovai, Eduardo Guimarães, Altamiro Borges, Luis Nassif e Pastor Marcos Dornell participarão deste Encontro.

O I Encontro de Blogueiros de São Paulo aconteceu em abril deste ano, ainda antes da edição nacional, em junho.


As inscrições podem ser feita aqui

Programação 


08:00- Café da manhã-  cortesia da Comissão Regional.


09:00 – Abertura do evento- Prefeitos, vereadores e comissão.

10:00- Debate: “ Liberdade de Expressão e pelo Direito à Comunicação com Participação Popular”

Debatedores:  Deputado Antonio Mentor,  Deputada Telma de Souza , Prefeita Maria Antonieta ( Guarujá), Vereador Pedro Gouvea (São Vicente).

Mediadores: Emerson dos Santos e Vander Fagundes.

12:00 – Almoço Livre

14:00- Debate: Plano Nacional de Banda Larga, Lei dos meios de Comunicação, AI5 digital, Marco Civil da Internet.

Debatedores: Blogueiros  - Conceição Oliveira (Maria_Frô), Renato Rovai (Revista Fórum), Eduardo Guimarães (Movimento dos Sem Mídia), Altamiro Borges(BlogdoMiro), Luis Nassif (AdVivo) , Pastor Marcos Dornell (BlogueirosAT).

Mediadores: Marco Antonio de Lima (Limarco) e Sérgio Telles (Stelles_13)

16:00 - As Redes Sociais como ferramenta de mobilização social. A importância do ativismo digital”

Debatedores: Pedro Custódio (CUFA), Igor Felipe do (MST) , João Carlos Camará (Ong Camará), Rafael Ambrósio (Ong Ambienta), João Gabriel ( Ong CAC), Francisco Nogueira (Fundação Settaport).

Mediadores: Andréia Lamaison e Daniela Origuella.


Organização: Blogueiros Progressistas de SP e Comissão Regional: Andréia Lamaison (@lamaisonandreia) , Marco Antonio de Lima (@limarco), Kátia Figueira (@katytasv)

Apoio Cultural: Prefeitura do Guarujá,  Prefeitura de Cubatão, Fundação Settaport, SINDPT e CGTB Nacional, CUT ,UGT, TV Linha Direta, MAV-PT/SP, SEEL, Faculdade Santa Cecília, Café da Praça, Locatelli, Rede Brasil Atual, TV Santa Cecília

Serviço:

Data: 08 de outubro de 2011.

Local: Consistório da Universidade Santa Cecília

Endereço: Rua Oswaldo Cruz, 277- Boqueirão – Santos- SP

Horário: das 08:00 às 18:00 horas

Emiliano José: A luta envolvendo a internet é política



por Emiliano José, no , via Rede Castorphoto
Está em curso no Brasil uma clara luta política, envolvendo a internet.  Que ninguém se engane: é uma luta política. Há a posição dos que acreditam, como eu e vários outros deputados e deputadas, como Paulo Teixeira, Luiza Erundina, Jean Willis, Manuela D´Avila, Paulo Pimenta  e tantos outros, que primeiro é o caso de garantir a existência de um marco civil garantidor das liberdades, uma espécie de orientação básica do direito humano de acesso à internet, hoje um instrumento fundamental para o desenvolvimento da cidadania, da cultura, da educação e da própria participação política.
E a posição dos que se apressam a procurar mecanismos de criminalização dos usuários da rede, que hoje no Brasil, com todas as dificuldades de acesso, já chegam perto dos 70 milhões. Como pensar primeiro no crime face a essa multidão, e depois na liberdade de acesso? Só os conservadores, interessados em atender a evidentes interesses econômicos, podem pensar primeiro na criminalização e só então nos direitos democráticos dos usuários.
Creio que a internet, tenho dito isso com frequência, é uma espécie de marco civilizatório, que mudou a natureza da sociabilidade contemporânea, a relação entre as pessoas e os povos, mudou a própria política, impactou a própria noção de representação. Constitui um admirável mundo novo, a ser preservado sob um estatuto de liberdades, e não constrangido sob uma pletora de leis criminalizantes. Talvez seja o seu potencial revolucionário, a possibilidade que ela dá de articulação em rede, que provoque urticária nos conservadores. Talvez, não. Certamente.
Nos últimos dias, os defensores da criminalização navegam num cenário de representação terrorista, como se os últimos ataques de hackers a sites governamentais fossem uma absoluta novidade e como se uma legislação que criminalize usuários ou tente colocá-los sob o guante de um vigilantismo absoluto fosse segurança suficiente para a ação dos hackers. Os ataques aos sites governamentais não tiveram qualquer gravidade, foram coisas de amadores, como já se provou. E curioso é que só tenham sido atacados sites do governo. Não é que não haja leis ou que não deva haver. Deve. Mas, devagar com o andor que o santo é de barro.
Primeiro, vamos pensar nas liberdades. Não devemos nos apressar, como pretende o deputado Azeredo, com o projeto de criminalização de usuários, a pretender uma vigilância absurda ao acabar com a navegação anônima na rede, ao querer guardar por três anos os dados de todo mundo nos provedores, ao estabelecer uma espécie de big brother pairando sobre a multidão de navegantes, que tem o direito de liberdade de expressão e não podem estar submetidos ao grande irmão.
O governo federal se preocupou com isso, com as liberdades, e instalou uma consulta pública sobre o Marco Civil da Internet no Brasil de forma a construir democraticamente um sistema garantidor de princípios, garantias e direitos dos usuários da internet, o que é a atitude mais correta, e primeira, se quisermos tratar a sério das coisas da rede.
Entre outubro de 2009 e maio de 2010 a consulta se desenvolveu, com ampla participação, e, ao que sabemos, o marco civil foi elaborado, só faltando a assinatura do Ministério do Planejamento para voltar à Casa Civil da Presidência da República, para então, assinado pela presidenta Dilma, chegar à Câmara Federal.
Não se trata de primeiro chamar a polícia. Primeiro, vamos garantir liberdades e direitos. Depois, pensar na tipificação dos crimes. Até porque a ideia de que colocar na cadeia um bocado de jovens usuários resolve o problema é uma ilusão de bom tamanho. Os hackers, os mais competentes, os mais habituados aos segredos da rede, costumam entrar em sistemas sofisticados sem grandes dificuldades. A própria rede, no entanto, tem condições amplas de desenvolver sistemas de prevenção, de segurança, reconhecidamente eficientes, embora não se possa dizer nunca que invioláveis.
Creio que o melhor é baixar a bola, insistir junto ao governo para o envio o mais rápido possível do projeto do marco civil da internet para o Congresso, e depois disso, então pensar na tipificação dos crimes e nas punições possíveis, sem nunca mexer nas liberdades dos usuários, e sem estabelecer quaisquer medidas que visem acabar com a navegação anônima, até porque isso, sem dúvida, seria mexer com o princípio sagrado das liberdades individuais e confrontaria com a própria Constituição.
No dia 13 de julho, foi realizado um seminário na Câmara Federal, com a participação de especialistas e de setores da sociedade civil, para debater o assunto. O seminário foi resultado de uma proposta minha, com a visão que expresso aqui, e outra do deputado Sandro Alex, que tem uma visão diversa, embora, como me disse, disposto ao diálogo para chegar a um consenso. Nós juntamos as duas iniciativas, e o debate foi muito esclarecedor de que interesses estão em jogo.
De um lado, aqueles que defendem o projeto Azeredo, estiveram empresas de segurança da área da informática, escritórios de advocacia interessados nos clientes que o projeto Azeredo vai criar, e setores conservadores do Judiciário. Do outro lado, entre os que sustentam as posições que tenho defendido, os que defendem a liberdade na internet e que demonstraram o quanto de atraso poderia significar a aprovação desse projeto, que a rede dos libertários chamou com propriedade de AI-5 digital da internet.
Ficou evidente, durante o seminário, que o projeto Azeredo, além de tudo, atende aos interesses do mundo das empresas que defendem os direitos autorais no sentido mais conservador, inclusive dos grandes centros da indústria cultural dos EUA. É que o projeto pretende impedir a prática tão comum da maioria dos internautas de baixar músicas, por exemplo. Milhões de pessoas seriam criminalizadas se o AI-5 digital fosse aprovado. Os militantes digitais que se colocam contra o projeto entregaram ao presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Bruno Araújo, do PSDB, durante o seminário, por proposta minha, um abaixo-assinado com mais de 163 mil assinaturas contra o projeto, a evidenciar o quanto de revolta ele tem provocado.
Há a previsão de que o projeto seja votado logo no início de agosto deste ano. Lutamos para que não fosse votado imediatamente, como se pretendia, e justiça se faça, o deputado Azeredo concordou com o adiamento. Creio, no entanto, que o melhor seria, como já disse, aguardar a chegada do marco civil para só depois, então, pensar na tipificação de crimes. E vamos tentar isso. Na verdade, o projeto é muito ruim e não deveria ser aprovado. O importante é que todos estejam atentos para que a democracia não seja atingida, para que a liberdade na internet não seja violentada.
Emiliano José é jornalista, escritor, doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea pela Universidade Federal da Bahia