O dia 28 de
abril é lembrado pelo movimento sindical dos trabalhadores como o "Dia Mundial
em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho". No Brasil e em
vários países do mundo, como Espanha, Portugal, Argentina Peru, Taiwan, por
exemplo, a data é motivo para mobilizações, atividades, seminários, denúncias e
reflexões em torno dos problemas que envolvem os acidentes, as doenças e o mundo
do trabalho.
Segundo Walcir Previtale, secretário de Saúde do
Trabalhador da Contraf-CUT, dentre as muitas categorias profissionais existentes
em nosso país, os bancários foram e continuam sendo atingidos pelas novas formas
de gestão do trabalho, pela reestruturação produtiva - com a introdução de novas
tecnologias e a terceirização, com a intensificação do trabalho, exigindo do
bancário um ritmo de trabalho intenso, com inúmeras tarefas e responsabilidades
para cumprir.
Logo, a categoria bancária, nos últimos anos, tem
procurado dialogar com o significado do dia 28 de abril e tem buscado, em
conjunto com o movimento social e sindical da classe trabalhadora, participar de
toda movimentação em torno da data.
Conforme Walcir, bancários e
bancárias ainda sofrem dentro dos ambientes de trabalho, desgastando a sua saúde
física e mental ao longo de jornadas de trabalho extenuantes, sem pausas para
descanso, pressionados por um ritmo de trabalho acelerado, com metas de produção
inalcançáveis e cada vez mais crescentes, convivendo com riscos de assaltos e
sequestros, tendo de dar conta de inúmeras tarefas.
"Não bastasse tudo
isso, todos os dias os trabalhadores são submetidos à avaliação individual de
desempenho, mecanismo utilizado largamente por todos os bancos para medir quem
bateu as metas impostas e que deixou a desejar. Somente o resultado é
considerado pelos bancos, ou seja, a meta deve ser alcançada de qualquer
maneira. Não há espaço de diálogo nos locais de trabalho para discutir as
dificuldades de se atingir uma dada meta", destaca o diretor da Contraf-CUT.
Desta forma, a categoria bancária tem muitas razões para participar dos
eventos e mobilizações que estão sendo elaborados e convocados para o dia 28 de
abril - Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
A Contraf-CUT convoca todos a participarem das mobilizações em torno do
Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, dia 28 de
abril.
Subsídios para debates
Algumas informações para
subsidiar os debates e reflexões em torno do dia 28 de abril - Dia Mundial em
Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
- Em 2010 foram
registrados pela Previdência Social (INSS) 701.496 acidentes do
trabalho;
- Acidentes de Trajeto: 2009: 90.180. 2010: 94.789;
-
Mortes no Trabalho: 2009: 2560. 2010: 2712;
- Em 2011, a Procuradoria
Geral Federal - PGF e o INSS ingressaram com 1833 ações regressivas contra as
empresas que adoecem e acidentam os trabalhadores, com previsão de recuperação
para os cofres públicos na ordem de R$ 363 milhões;
- Os transtornos
mentais e comportamentais ganham relevância nas estatísticas da Previdência
Social com a introdução do Nexo Técnico Epidemiológico. Em 2006 apenas 612 casos
são registrados como acidente do trabalho. Em 2008, temos 12.812 registros, em
2009, 13.478, em 2010, 12.150 e em 2011, 12.337 ocorrências.
- Em 2010,
o INSS concedeu 18.106 benefícios de espécie "auxílio-acidente", que é concedido
ao trabalhador quando fica com sequelas permanentes e comprometimento de sua
capacidade laboral;
Somente em janeiro de 2012, o INSS concedeu 1676
"auxílios-acidente" para os trabalhadores.
PROBLEMAS DE SAÚDE DOS
BANCÁRIOS
Jornada de Trabalho
Aos poucos os bancos
estão acabando com a jornada de trabalho de 6 horas e introduzindo, de maneira
acelerada e massiva, a jornada de 8 horas com o tal de
"comissionamento".
Ritmo de trabalho
Além da jornada de 6
horas ser uma raridade e a de 8 horas se transformando em 10/12 horas na
prática, os bancos se recusam a introduzir pausas no trabalho de 10 minutos a
cada 50 trabalhados, conforme previsto na Norma Regulamentadora 17, do
Ministério do Trabalho e Emprego. O ritmo de trabalho é alucinante por conta das
inúmeras tarefas sob a responsabilidade do trabalhador, sobretudo as metas de
produção;
Metas de produção
Um dos principais problemas que
a categoria enfrenta. Pesquisa apontou que 65% dos bancários de agências
reclamam das pressões excessivas para o atingimento de metas abusivas. A
reclamação segue alta, com 52% dos empregados dos departamentos dos bancos.
Dificuldade em atingir a meta não é reconhecida e sim a exigência de sua
superação.
Metas de produção e assédio moral
O
reconhecimento, pelos trabalhadores, de que as metas em si não é problema e sim
a cobrança exagerada para o seu atingimento, sem levar em consideração as
condições de trabalho, o perfil da clientela, as condições do mercado bancário,
entre outros fatores, cria um ambiente fértil para as práticas de assédio moral
no trabalho.
42% dos bancários já sofreram práticas de assédio moral em
seu ambiente de trabalho, de acordo com pesquisa realizada com a categoria. As
metas e as práticas de assédio moral são os mais novos riscos para a saúde dos
bancários, equiparados as ocorrências de assaltos ocorridas nos estabelecimentos
bancários.
Adoecimento prevalente
As LER/DORT continuam a
atingir bancários e bancárias em todos os bancos, acarretando afastamento do
trabalho por longo período. Hoje, as LER/DORT estão mais associadas a
organização do trabalho do que com os riscos ergonômicos, embora eles existam.
Transtornos mentais
Os transtornos mentais ganham
importância entre os bancários, principalmente quando os trabalhadores bancários
são alçados à condição de VENDEDORES, com metas diárias para bater e avaliados
constantemente.
O emprego do bancário, que já não possuía nenhuma
proteção legal contra demissão imotivada, agora depende do grau de venda
concretizado. Se vende, se atinge as metas, tem o emprego mantido. Caso
contrário, ao não mais atingir as metas que sempre são crescentes, perde o
emprego sumariamente.
Tal grau de insegurança, de medo e de avaliações
públicas constantes, e mais, das práticas de assédio moral, levam o trabalhador
a um desgaste mental cotidiano que, se não cuidado a tempo, vai desencadear em
adoecimento e consequente afastamento.
Falta da emissão da
CAT
Apesar de todos os problemas de saúde e condições de trabalho que
a categoria enfrenta, os bancos não emitem ou dificultam ao máximo a emissão da
Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT ao empregado, desrespeitando o que diz
a lei 8213/91 e o artigo 169 da CLT. A emissão do documento é obrigação do
empregador e objetiva informar a autoridade pública - no caso a Previdência
Social - da ocorrência de um acidente do trabalho. A não emissão da CAT pelo
empregador gera consequências negativas para o trabalhador doente ou acidentado
e para toda a sociedade.
"Falhas" na Medicina do Trabalho
O serviço de medicina do trabalho praticado pelos bancos é carregado de
conservadorismo, tem postura burocrática e cartorial, não caminha no sentido da
prevenção de acidentes e doenças e está extremamente subordinado aos interesses
exclusivos das empresas.
A postura histórica dos bancos em negar a
emissão da CAT explica um pouco do que estamos falando. Os exames periódicos,
previstos na Norma Regulamentadora nº 7, não são realizados com a finalidade de
combater os riscos no ambiente de trabalho e preservar a saúde dos bancários. Os
exames acabam servindo de mecanismo para mapear os trabalhadores adoecidos para
depois mandá-los embora.
Fonte: Contraf-CUT
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