É controverso. Um estudo aponta que redes sociais, como o Twitter, retardam e não organizam mobilizações populares, como protestos. Pode parecer estranho para quem frequenta esses serviços, onde hashtags como #ForaRicardoTeixeira estão sempre no topo. Mas Navid Hassanpour, formado em engenharia elétrica em Stanford e aluno de ciências políticas na Universidade de Yale, levou o assunto para um caso extremo: a queda de Mubarak, no Egito, no início do ano.
Segundo ele, a saída do ditador foi apressada não pela força das redes sociais, mas pela falta dela. Em seu paper, o especialista argumenta que, conectadas às redes sociais, as pessoas tendem a participar dos acontecimentos na tela de seus celulares ou computadores. É o típico caso de twittar uma hashtag, mas não ir às ruas.
Porém, quando o governo do Egito decidiu tirar do ar a internet, culpando-a pelos levantes, daí que a população foi às ruas em maior número. “A interrupção do acesso à rede e do sistema de telefonia celular no dia 28/01 exacerbou a inquietação em pelo menos três maneiras. O fato envolveu muitos cidadãos apolíticos que não sabiam ou não estavam interessados nos protestos; forçou a comunicação cara a cara e, consequentemente, gerou mais presença física nas ruas; e, finalmente, descentralizou a rebelião, por meio de novas táticas de comunicação híbridas, produzindo uma situação muito mais difícil de controlar e de reprimir do que uma única reunião massiva na Praça Tahrir”, diz.
No fim, explica, foi a falta de informação, que era conseguida pelas redes sociais, que levou à mobilização. “Nós ficamos mais normais quando sabemos, de verdade, o que está acontecendo – e ficamos mais imprevisíveis quando não sabemos”, completa.
Interessante, se a revolta se esgota dentro do Twitter, realmente esvazia a possibilidade da mobilização tornar-se útil (ela não precisa mais se materializar pra ser útil, precisa é chegar nas pessoas e instâncias capazes de transformar, como parlamentares, justiça e o executivo, por exemplo.
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