O julgamento da Ação Penal 470 apresentou erros. Erros graves, porque ocorreram principalmente naquilo que sustentou a tese condenatória do relator juiz Joaquim Barbosa. Na
lista abaixo nós os identificamos integralmente. Daí a razão desteAbaixo-Assinado.
Não pleiteamos aqui a absolvição dos réus. O que queremos é um novo julgamento, de forma correta, rigorosamente assentado nos documentos constantes dos Autos, coisa que, no nosso entender, não foi feito, ou as falhas aqui apontadas não teriam sido detectadas. Ei-las, no que chamamos de:
Não pleiteamos aqui a absolvição dos réus. O que queremos é um novo julgamento, de forma correta, rigorosamente assentado nos documentos constantes dos Autos, coisa que, no nosso entender, não foi feito, ou as falhas aqui apontadas não teriam sido detectadas. Ei-las, no que chamamos de:
O JOGO DOS SETE ERROS NO JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL 470
1. Erro 1: Considerar que o dinheiro do Fundo
Visanet era público.
Não era; não pertencia ao Banco do Brasil (BB). Pertencia à empresa
privada Visanet, controlada pela multinacional Visa Internacional, como
comprovam os documentos.
2. Erro 2: Considerar que o Banco do Brasil colocava dinheiro na Visanet.
O BB nunca colocou dinheiro na Visanet. A
multinacional Visa Internacional pagava pelas campanhas publicitárias
realizadas por bancos brasileiros que vendessem a marca VISA.
3. Erro 3: Considerar que houve desvio de dinheiro e que as campanhas
pubicitárias não existiram.
pubicitárias não existiram.
Não houve desvio algum. Todas as campanhas publicitárias, com a
marca VISA foram realizadas pelo BB, fiscalizadas e pagas pela Visanet.
Toda a documentação pertinente encontra-se arquivada na Visanet e o
Ministro relator teve acesso
a
ela.
4. Erro 4: Omitir ou, no mínimo, distorcer informações contidas em documentos.
A Procuradoria Geral da República/Ministério Público Federal
falseou e omitiu informações de documentos produzidos na fase do
inquérito para acusar pessoas. Exemplo de omissão: somente
representantes autorizados do Banco do Brasil tinham acesso ao Fundo
Visanet.
5. Erro 5: Desconsiderar e ocultar provas e documentos.
Documentos e provas produzidos na fase da ampla defesa foram
desconsiderados e ocultados. Indícios, reportagens, testemunhos
duvidosos, relatórios preliminares da fase do inquérito prevaleceram. No
entanto foram desconsiderados todos os depoimentos em juízo que
favoreciam os réus.
6. Erro 6: Utilizar a “Teoria do Domínio Funcional do Fato” para condenar
sem provas.
Bastaria ser “chefe” para ser acusado de “saber”. O próprio autor da teoria desautorizou essa interpretação: "A posição hierárquica não fundamenta, sob nenhuma circunstância, o domínio do fato. O mero ‘ter que saber’ não basta".
7. Erro 7: Criar a falsa tese de que parlamentares foram pagos para aprovar leis.
Não
existe prova alguma para sustentar esta tese. De qualquer forma, não
faria sentido comprar votos de 7 deputados, que já eram da base
aliada, dentre 513 integrantes da Câmara Federal, quando 257 votos eram
necessários para se obter maioria simples.
Resta ainda considerar alguns outros equívocos:
* O
duplo grau de jurisdição para réus é uma exigência da Corte
Interamericana de Direitos Humanos. Ao não garanti-lo, o STF violou o
Pacto de São José da Costa Rica.
* Assim,
35 dos 38 réus não tiveram direito à segunda instância. Por decisão do
Supremo, o julgamento de todos foi apenas em uma instância, o STF,
embora 35 não tivessem direito ao chamado foro privilegiado.
* O uso da dupla-função. Quem preside a fase de investigação não pode depois
participar do
julgamento, porque nesse caso cumpre os papéis de investigador e de juiz;
* “O
Supremo deu grande relevância à prova indiciária, até então considerada
a mais perigosa de todas”, como disse o juiz Murilo Kieling. Tal prova é
perigosa porque pode permitir a manipulação dos indícios por juízes
inescrupulosos ou a serviço de interesses políticos ou econômicos.
Considerando
o exposto, pode-se entender como os Procuradores, primeiro Antonio
Fernando de Souza e em seguida Roberto Gurgel, junto com o Ministro
Joaquim Barbosa, construíram a tese da acusação. A partir dessa
construção desenrolaram a trama que condenaria praticamente todos os
réus.
Foi desta forma que a AP 470, a ação penal do chamado "mensalão petista", se tornou a mais eficaz e sedutora arma que a grande mídia, liderada pela poderosa Família GAFE da Imprensa (Globo/Abril/Folha/Estadão),
conseguiu construir desde 2002 para
finalmente empunhá-la em 2012. Seu alvo é o projeto de nação que há 10
anos o Partido dos Trabalhadores concebeu e vem construindo, um projeto
dificílimo de ser derrubado nas urnas.
O que esse projeto tem de mais?
Ele
bate de frente com interesses vitais do chamado “mercado financeiro",
aquele dos capitalistas e investidores do mundo dos negócios privados
não-produtivos, em
estreita
sintonia com o empresariado ligado às exportações de commodities(agropecuária
e minérios) assentados no topo da pirâmide socioeconômica, lugar das
corporações e megacorporações nacionais e, principalmente,
internacionais. E a Família GAFE da Imprensa - centrada no Rio e
em São Paulo - é a porta-voz desse povo. Nela, apenas essa gente e seus
interesses - com o endosso da classe média alta - têm direito a voz.
Ela atua diretamente através de seus próprios órgãos de divulgação ou
por meio dos veículos do seu partido, o PIG (Partido da Imprensa Golpista), composto por seus afiliados em todas as redações desse Brasil afora. Seu Instituto, o Millenium,
com sede no Rio, funciona como o cérebro pensante. É, principalmente,
de lá que saem as teses defensoras dos privilégios dessa classe alta.
Para elas o país é visto apenas como um celeiro de
oportunidades de negócios para que seus membros se tornem, a cada ano,
ainda mais ricos e poderosos, aqui ou no exterior.
No
caso deste julgamento, todavia, algo se tornou ainda mais preocupante.
Nos golpes recentes ocorridos em Honduras e Paraguai, vimos a Corte
Suprema e Parlamentares desses países funcionarem como legitimadores da
quebra da ordem institucional e contando sempre com o apoio da mídia
empresarial local. No instante em que testemunhamos aqui nosso Supremo Tribunal Federal (STF),
conscientemente ou não, pondo-se a serviço desse poder hegemônico,
representado, como vimos, pela mídia-empresa, num país em que a
democracia ainda engatinha, assombra-nos o risco enorme que ela corre.
Sim, tememos que um golpe semelhante, também institucional, ocorra entre
nós, lembrando que em 1964 já tivemos essa mesma Família GAFE apoiando e saudando com júbilo o advento do golpe militar quando as Reformas de Base que Jango propunha “ameaçavam” suprimir, em especial das elites do campo, alguns poucos privilégios.
Devem-se apurar os supostos desvios, processar e julgar os eventuais denunciados nessa AP
470. Mas quando isso se transforma, nas mãos do que existe de mais
egoísta e retrógrado no país, em uma arma que visa unicamente torpedear
um projeto de nação voltado à redução das desigualdades sociais e ao
crescimento sustentável e que implica apenas em uma tênue redução dos
privilégios dos 1% do topo da pirâmide, não estamos mais diante de
alternativas. É nosso dever e missão contribuir para reduzir o poder
desse monstro midiático que desde 2002 voltou a nos ameaçar. Entendemos
ser nossa obrigação fazer o que estiver ao nosso alcance para que o STF
seja preservado como uma Instituição soberana à salvo de interesses
outros que não os da Justiça. “Costuma-se dizer que decisão judicial
não se discute, cumpre-se. De fato, devem ser cumpridas, sob pena de
caos institucional. Mas, sempre que se entender apropriado, devem ser
discutidas. Contestadas, criticadas e corrigidas. Pois é isso que faz
toda
instituição crescer e vicejar - inclusive o Judiciário, que não é um
poder absoluto", escreveu um dos condenados, José Dirceu. E é isso que queremos.
Por conta dessa ameaça, nossa luta contra a poderosa Família e
seus tentáculos adquiriu um emblema especial em 2012 e deve ser
objeto de muitas batalhas neste 2013. Esta é apenas uma
delas: neutralizar ou destruir, ainda que parcialmente, os erros
cometidos no julgamento da AP 470. E é também pelo mesmo motivo que nos recusamos a aceitar a ‘tese’ de
que esse julgamento é uma "página virada". Muito pelo contrário.
Que esta campanha e este evento que se anunciam como partes dessa luta
sejam percebidos como um enfrentamento tático de um combate mais amplo,
voltado contra os superpoderes da mídia empresarial tornada um imenso e
poderoso oligopólio no Brasil. Por conseguinte, desta AP 470 só
deve restar aquilo que, comprovadamente, se configurar como um delito,
sujeito, portanto, às penas da lei, tal e qual rezam nossa Constituição,
o Código Penal, as garantias processuais, ritos e jurisprudências. Só
então poderemos anunciar que nesta batalha lutamos pelaDemocracia e
nos impusemos vitoriosamente sobre essa mídia que, segundo avaliamos,
pode muito bem estar à espreita de um possível golpe ao qual possa
atribuir, também, ares de legalidade.
Assim, realizaremos no Rio de Janeiro, no próximo dia 30/01,
um debate do mais alto nível, tendo como foco os erros cometidos pelo
STF ao julgar os réus da Ação Penal. Esperamos poder contar com
expressiva parcela da sociedade civil e de personalidades profundamente
conhecedoras dos meandros desse processo e de suas implicações políticas
e jurídicas. Para isso estamos empenhados em uma ampla mobilização para
a qual queremos não só sua participação pessoal, mas também a do seu
círculo social e profissional. Seu apoio, sua parceria enfim e até mesmo
sua ajuda, serão imprescindíveis para que este acontecimento fique
registrado como algo
representativo da sociedade como um todo, um êxito dos mais
retumbantes.
Tal parceria consiste essencialmente em replicar em seu sítio, blogue, página, listas de emails,
redes sociais ou rádios comunitárias o material de divulgação que já
começamos a produzir e que lhe enviaremos a partir da sua anuência –
inclusive, caso queira, utilizar partes desta CONCLAMAÇÃO-CONVITE sendo livre sua reprodução e compartilhamento. Todo ele virá com a chancela de "EM DEFESA DA DEMOCRACIA - QUEREMOS UM JULGAMENTO SEM ERROS" e
será originário do endereço eletrônico: josinhad@yahoo.com.br. Escreva-nos, por favor, aos cuidados de Joylce Dominguez e diga-nos também se você tem ou conseguirá se articular com outras parcerias para as quais você pode enviar livremente estaCONCLAMAÇÃO-CONVITE bem
como o material de divulgação que até o dia 30 produziremos. Se
preferir, basta nos ligar (021) 6910 4750 ou nos fornecer via email os
endereços eletrônicos desses possíveis parceiros que enviaremos a eles
diretamente daqui.
O anúncio do Abaixo-Assinado com o qual abrimos esta CONCLAMAÇÃO-CONVITE dará
a partida nesta mobilização para que ela atinja a dimensão de um brado
enorme contra os erros cometidos nesse processo. Em seguida virão folders,
mensagens e entrevistas em rádios, charges, filminhos, jornais de
bairro, etc. Sinta-se à vontade para também produzir outros, envie-nos
que os divulgaremos. Imaginamos assim que uma ampla rede de
comunicadores estará montada e voltada para esse objetivo, o de pleitear
a correção desse julgamento e o de convocar a sociedade civil para
estar presente no evento do dia 30, cujo local, hora e componentes da Mesa divulgaremos em um comunicado específico, tão logo estejam todos definidos.
Cordialmente
- Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé – São Paulo
-
Blogueiros e
Internautas Progressistas do Rio de Janeiro – RioBlogProg
- Central Única dos Trabalhadores - Rio de Janeiro - CUT-Rio
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