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Não nos odeiam por dinheiro, odeiam-nos por sermos outro olhar


Por Fernando Brito

Ontem, conversando com um amigo jornalista sobre os desafios do novo chefe da Secom, Edinho Silva, a conversa descambou para a campanha da grande mídia contra a possibilidade de que o Governo Federal veicule anúncios pagos  nos ditos “blogues sujos”.

Eu, para variar, disse o que penso: isto não é o essencial.

O essencial é nos fazer “malditos”, vistos como apêndices do Governo e vedar qualquer fonte de financiamento que nos permita sobreviver ou, pior ainda, crescer.

O poder político da mídia não reside em seu monopólio empresarial, reside em seu monopólio de olhar.

Desde o final dos anos 80, este é seu método de dominação que, nos anos 90, ficou conhecido como “pensamento único”, embora a expressão seja velha de dois séculos, desde que o o filósofo metafísico Artur Schopenhauer a consagrou.

Ou bem mais idosa , porque está presente no relato de Platão sobre os diálogos entre Sócrates e Glauco, no conhecido Mito das Cavernas, que resumo com o texto do professor Pablo Carneiro, na Revista de Filosofia, que o simplifica:

”A história narra a vida de alguns homens que nasceram e cresceram dentro de uma caverna e ficavam voltados para o fundo dela. Ali contemplavam uma réstia de luz que refletia sombras no fundo da parede. Esse era o seu mundo. Certo dia, um dos habitantes resolveu voltar-se para o lado de fora da caverna e logo ficou cego devido à claridade da luz. E, aos poucos, vislumbrou outro mundo com natureza, cores, “imagens” diferentes do que estava acostumado a “ver”. Voltou para a caverna para narrar o fato aos seus amigos, mas eles não acreditaram nele e revoltados com a “mentira” o mataram.”

Não o matam, porque o diálogo é de figurações, mas diz Sócrates  que o infeliz “não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá?”

Engana-se, portanto quem acha que a briga deles é por dinheiro de publicidade. Eles o têm e vão continuar a tê-lo, porque é impensável fazer comunicação profissionalmente correta sem a grande mídia.

A questão não é sequer que recebamos algumas migalhas dele, é que seja “politicamente perigoso” que possamos receber publicidade de outros e que estejamos – e olhe lá – à mercê dos subpagamentos do Google, que nos paga pelo que mede e, portanto, faz a dúzia de bananas conter o quanto ele quiser.

Quem é que se atreverá a vender cerveja, sabonete, programas de tv a cabo ou qualquer outra coisa, a não ser pelo aleatório do Google e ficar marcado como “apoiador” desta gente apontada, até por coleguinhas bem dóceis ao patrão, como “chapa branca”?

Lembro-me de Graciliano, a dizer que “os homens do primado espiritual viviam bem, tratavam do corpo, mas nós, desgraçados materialistas, alojados em quartos de pensão, como ratos em tocas, a pão e laranja, como se diz na minha terra, quase nos reduzimos a simples espíritos. E como outros espíritos miúdos dependiam de nós, e era preciso calçá-los, vesti-los, alimentá-los, mandá-los ouvir cantigas e decorar feitos patrióticos, abandonamos as tarefas de longo prazo, caímos na labuta diária, contando linhas, fabricamos artigos, sapecamos traduções, consertamos engulhando produtos alheios.”

Mas de teimoso, a gente sobrevive.

E, espantosamente, cresce.

Porque só há uma maneira, fácil e simples, de nos destruir: a mídia comercial permitir-se ser plural. Mas, assim, não haveria pensamento único e muitas outras luzes iluminariam a caverna e desfariam a deformidade das sombras que projeta.

Obrigado a todos, de novo e sempre.

Fonte: Tijolaço

Edinho vai 'democratizar' publicidade do governo

José Cruz/Agência Brasil

Por Ricardo Della Coletta e Rafael Moraes Moura em 31/03/2015 na edição 844

Reproduzido do Estado de S.Paulo, 28/3/2015; título original “Edinho diz que vai ‘democratizar’ verba de publicidade do governo”

O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Edinho Silva (PT), afirmou que a “democratização” das verbas de publicidade será um dos objetivos da sua gestão. Mas assegurou que não fará “nenhum tipo de manipulação de recursos”.

Segundo informou o Palácio do Planalto, o orçamento para publicidade da secretaria é de R$ 187,5 milhões. “A presidente Dilma Rousseff foi muito clara ao dizer que os critérios de distribuição de recursos são técnicos. Quem me conhece, sabe que eu jamais assumiria uma função pública para fazer nenhum tipo de manipulação de recursos. Isso não faz parte da minha história. Já cumpri muitas tarefas como homem público. Essa agora, evidentemente, é diferente das demais. Eu vou executá-la com o maior espírito público possível”, disse Edinho.

“Vou seguir orientação da presidente, que quer uma postura republicana e que os recursos sejam distribuídos por critérios técnicos. Se tivermos recursos suficientes para democratizara o máximo a distribuição de recursos, nós vamos fazer.”

Descentralização

Edinho é ex-presidente do diretório paulista do PT, partido que cobra dele uma postura mais “combativa” no comando da pasta. Setores da sigla defendem uma descentralização da publicidade oficial do governo destinada a meios de comunicação tradicionais, com o objetivo de fortalecer um volume maior de veículos, incluindo nessa lista simpatizantes do governo Dilma, os chamados “blogueiros progressistas” e a “mídia alternativa”.

O novo ministro – que foi tesoureiro da campanha pela reeleição de Dilma – disse que é contrário à regulação de conteúdo da mídia, mas afirmou que seguirá a orientação do Palácio do Planalto sobre a chamada regulação econômica, uma das bandeiras levantadas pela presidente. “Sou contra a regulação de conteúdo. A imprensa, em relação ao conteúdo, tem de ter liberdade e capacidade.”

O novo ministro relatou que foi orientado pela presidente Dilma Rousseff a “dialogar” mais com os veículos de comunicação. “Ela quer que eu faça uma gestão dialogando com os veículos, conversando com aqueles que fazem chegar a comunicação até a sociedade”, argumentou. “É um governo que tem credibilidade por já ter feito (o País crescer). Se fosse um governo que não tivesse feito, teríamos outra situação. É um governo que conduziu o Brasil crescendo, gerando emprego”, acrescentou o petista.

Sociólogo com mestrado em engenharia de produção, Edinho assume a Secretaria de Comunicação em substituição ao jornalista Thomas Traumann, que pediu demissão após o portal estadão.com.br divulgar documento no qual a pasta relata haver “caos político” no País e critica a “comunicação errática” do governo. Questionado se concordava com o teor do texto, Edinho disse preferir “não discutir o passado”.

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Ricardo Della Coletta e Rafael Moraes Moura, do Estado de S.Paulo


Edinho Silva é o novo ministro da Secom


O ex-deputado estadual, e tesoureiro da campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff, Edinho Silva (PT-SP) é o novo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social. A posse está marcada para a próxima terça-feira (31), às 11 horas, no Palácio do Planalto.

Edinho assume a Secom no lugar do jornalista Thomas Traumann, que deixou o cargo nesta quarta-feira (25). 

O petista é graduado em ciências sociais pela Unesp de Araraquara e obteve o título de mestre em Engenharia de Produção na Universidade Federal de São Carlos. Um dos nomes históricos do PT, foi duas vezes prefeito de Araraquara (SP) e presidente do PT de São Paulo.





EMILIANO JOSÉ SERÁ O NOVO SECRETÁRIO DE COMUNICAÇÃO DE MASSA


Formado em jornalismo, com mestrado e doutorado pela Universidade Federal da Bahia, foi eleito deputado federal pelo PT por três mandatos. Antes, foi deputado estadual e vereador. Fontes do Minicom informam que uma das primeiras tarefas do novo secretário será a de tornar mais ágeis os processos de licenciamento e renovação de outorgas das pequenas emissoras de rádio e TV brasileiras.

Segundo essas fontes, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, acredita que devem ser criados mecanismos mais fáceis para que as pequenas emissoras prestem contas ao Estado. "Não é possível que uma pequena emissora - comercial ou não - tenha que enfrentar tanta burocracia", assinala o executivo.

Emiliano José é um estudioso da comunicação social e já escreveu diversos artigos sobre o tema, entre eles: "Navalha na Carne", "Vitória da opinião pública, derrota da opinião midiática", "Mídia e Poder".

Debate

Quanto à formulação de novo marco legal para a mídia, o secretário assumirá com a incumbência de tornar o mais transparente possível o debate sobre o tema, que deverá começar com a discussão sobre o processo de regulamentação dos artigos da Constituição Federal que tratam da Comunicação Social, os quais nunca foram regulamentados.

Por orientação de Berzoini, informam essas fontes, não há qualquer texto pré-concebido (seja o formulário pelo movimento social, seja o elaborado pelo ex-ministro Franklin Martins, no governo Lula). Mas serão apresentados subsídios com um estudo comparativo da legislação dos diferentes países e uma análise mais aprofundada do mercado brasileiro para subsidiar o debate.

Fonte: Telesintese