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Segundo Berzoini, Minicom não vai propor texto para regular a mídia


Intenção é realizar eventos ao longo do ano, dos quais sairá uma proposta de novo marco regulatório para o setor.

Por Rafael Bucco

O Ministério das Comunicações não vai propor um texto para regular as comunicações eletrônicas no país, diz o ministro Ricardo Berzoini. Segundo ele, a pasta vai organizar uma série de eventos ao longo do ano, realizar consultas e audiências públicas para que o texto seja escrito pelos diversos setores interessados no tema.

“Queremos organizar eventos, a partir do Minicom, com Ministério da Cultura, da Ciência, Tecnologia e Inovação, e da Educação, com a Secretaria de Direitos Humanos, para estabelecer um diálogo sobre a situação atual do marco legal das comunicações e ver o que pode, ou não, ser atualizado”, falou. Ele participa de uma Comissão Geral no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, onde faz um balanço dos últimos quatro anos da pasta e detalha metas para os próximos.

De acordo com Berzoini, o objetivo dos eventos é nivelar o conhecimento sobre a regulamentação atual para a mídia no país, que data de 1962 e tem também norma constitucionais que aguardam regulamentação desde 1988 (artigos de 220 a 224). “Queremos abrir o debate, dialogar com todos os partidos para tentar construir, neste ano ou no próximo, algo benéfico à sociedade brasileira. Pretendo apresentar este cronograma de debates, e já convidar os deputados a participar”, falou. Ele já havia afirmado esta posição no mês passado, em encontro com representantes da sociedade civil.

Fonte: Tele.Síntese

Regular não é censura. A mídia confunde o público e foge deste debate.

Diversidade sim, censura não
Por Laurindo Lalo Leal 

Jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão descobriram um novo assunto: a volta da censu­ra no Brasil. Não passa um dia sem que um de­les alerte contra esse perigo. Vêem em cada es­quina monstros prontos a atacar. Realmente eles não existem. São fantasmas criados com objetivos muito precisos. Trata-se de uma atitude preventiva dessa mídia acostumada a dizer o que pensa sem dar à sociedade di­reitos iguais de resposta. E muito menos de admitir a ne­cessidade da regulação do mercado editorial e do espaço público ocupado pelas emissoras de rádio e de televisão. Temerosos com a possibilidade de terem de se subme­ter a leis democráticas, tentam confundir o público cha­mando qualquer regulação de censura. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Censura é um instrumento usado por ditaduras para impedir, antecipadamente, a divulgação de fatos, nomes ou idéias.

A regulação dos meios de comunicação existe em to­das as grandes democracias do mundo. E estabelece re­gras para permitir que mais pessoas ou grupos sociais possam se expressar pela mídia. As regras são necessá­rias para conter, de alguma forma, a lógica da acumu­lação capitalista, que é implacável. Qualquer atividade comercial sem regulação tende a se tornar monopolis­ta. O dono da mercearia da esquina sonha em abrir ou­tro estabelecimento num bairro próximo ou adquirir a loja do vizinho. E, a longo prazo, montar uma rede de supermercados capaz de dominar o comércio varejista de todo o país. Se não houver controle do Estado e se o empresário tiver sucesso, em pouco tempo ele poderá ser o único no mercado, estabelecendo a seu critério os preços aos fornecedores e clientes.

Apesar de produzirem mercadorias diferentes, os meios de comunicação comerciais operam sob a mes­ma lógica. Disputam o mercado como mercearias ou supermercados. Só que não admitem regras para essa disputa. Quando elas são sugeridas - como ocorre ago­ra no Brasil -, imediatamente as taxam de censura.

É isso que explica a existência no país de uma eleva­da concentração dos meios de comunicação em mãos de poucas empresas. Empresários que iniciaram seu império com um jornal foram aos poucos controlan­do outros meios, publicando revistas, obtendo conces­sões de rádio e de TV, abrindo gravadoras, montando serviços de televisão por assinatura, investindo na in­ternet, num processo que, aos poucos, ocupou amplas faixas do mercado, tendendo ao monopólio, vedado pela Constituição brasileira.

Convencionou-se chamar esse fenômeno de "pro­priedade cruzada" dos meios de comunicação, prática proibida em vários países do mundo, inclusive nos Es­tados Unidos, a pátria do livre mercado. Mas, aqui, não há limites. Daí a necessidade do controle social. Não para censurar conteúdos. Mas para dar vazão à ampla diversidade existente no país.

Quanto ao rádio e à televisão, especificamente, a regu­lação deve ser ainda mais minuciosa. As empresas que operam esses serviços utilizam o chamado espectro ele­tromagnético, um bem público por onde trafegam sons e imagens. Trata-se de espaço limitado e íinito. Ou seja, nele cabem poucos. É só ver o caso de São Paulo, onde não é mais possível instalar uma emissora de rádio ou de TV. O espaço está todo ocupado. E quem ocupa é um privilegiado, que pode se dirigir a milhões de pessoas ao mesmo tempo para vender mercadorias, fazer política, pregar valores religiosos. E, como não há mais espaço, quem não tem esse privilégio é obrigado a ficar calado.

A ocupação do espectro é realizada por meio de con­cessões públicas, com duração definida: dez anos para as de rádio e 15 anos para as de televisão. Ao fim de cada período, deveria haver uma avaliação para saber se o serviço prestado atendeu às necessidades do público ou não. Em caso negativo, seriam substituídas por ou­tra empresa ou instituição, como ocorre regularmente em vários países do mundo. É disso que os atuais con­cessionários têm medo. Eles, que exigem - quando lhes interessa - transparência dos órgãos públicos, temem um debate aberto quando se trata da própria atividade.

Na Inglaterra, a outorga de concessões de rádio e TV é precedida de um amplo debate na sociedade e no Parlamento. As empresas candidatas apresentam pro­postas ao órgão regulador combinando valores finan­ceiros a serem pagos pelo aluguel da concessão com uma carta de intenções em que detalham que tipo de programação será colocada no ar. Às vezes, a escolhida não é a que ofereceu mais dinheiro, mas a que propôs programas capazes de atender novos públicos, ainda não cobertos pelas ofertas televisivas. É tudo absolutamente simples e democrático. No entanto, quando se tenta estabelecer esse debate no Brasil, a reação dos grupos que controlam a mídia é violenta, revelando o grau de atraso cultural em que nos encontramos. Para enfrentá-lo, o primeiro passo é desmascarar mitos como o da censura e compreen­der que interesses estão em jogo. E denunciá-los onde e como for possível.

Revista do Brasil - Dezembro de 2010 Laurindo Lalo Leal Filho é sociólogo e jornalista, professor da ECA/USP; diretor e apresentador do programa venv, da TV Brasil e da TV Câmara; autor dos livros A Melhor TV do Mundo eATV sob controle, da Summus Editorial; e ouvidor-geral da Empresa Brasil de Comunica

Fonte: Democracia na mídia

REGULAÇÃO ECONÔMICA DA MIDIA

O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, afirmou em seu discurso de posse, no início do ano, que levará adiante a promessa da presidenta reeleita, Dilma Rousseff, de debater a regulação econômica da mídia. Os defensores dessa medida levam em consideração que hoje apenas seis famílias controlam 70% da imprensa no país. Além disso, muitos grupos de comunicação possuem propriedades cruzadas.

O programa Brasilianas.org, exibido todas as segundas-feiras na TV Brasil comandado pelo jornalista Luis Nassif, discutiu a regulamentação econômica da mídia, no último dia 02/02.

Assista na íntegra.